devora-me, ó inverno de passado sublime
leva meu corpo trêmulo
antes que o devore negro túmulo
deixa-me preso com as púrpuras margaridas no sangue
a neve farta para que não me falte a febre
a neblina espessa para que meus olhos não sintam a morte,
livra-me o peso do mundo, tenho fome
a sede fluida das montanhas ondulosas
ao pé da bruma remoto meus pecados maculados
no soluço estancado dos remorsos
o delírio murmurejante das lágrimas
dá-me a paz dos amantes, o encanto soante,
olhai meus sonhos marejados
brotados do Igaraçu
dos náufragos no azul
deixa-me o gozo dos homens supérfluos
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