quarta-feira, 7 de setembro de 2011

as sombras de Orfeu

“O jato de sangue é poesia
Não há nada que o detenha”
(Sylvia Plath)


tenho a fragrância do sangue em meus dedos
a poesia pulsa fosforescente
na rubridez que escorre
e ondula
a fulgidez enlanguescida dos sonhos
o meu silêncio fluido
uiva
o beijo seco e os olhos náufragos
d’algum encanto a volúpia
surja
radiosa num rastilho de pétalas
a rosa aflora nua
os nervos dos meus frouxos versos
na convulsão da madrugada em fulgurações
cobre de lírios o insepulto canto
a flama e o desejo proclamo
perdido entre verbos e açucenas
a vaporosa lua se derrama
em minhas mãos

terça-feira, 2 de agosto de 2011

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

domingo, 16 de janeiro de 2011

tus ojos en el agua negro

a vida é um sopro

que escorre entre os dedos

é um lírio

que ascende

envelhece

e some

sem deixar rastro

embora o seu odor

se conheça –

a vida o amor

também é um sopro

embora eterno

é tão-somente deserto

intranqüilo

na sua razão

no seu toque

trêmulo que a todos chega

o sonho que é fuga

na solidão a que estamos condenados

lembrar

do que era deleite

vivo

até que nós mesmo

sejamos sonho

no encanto de uma lápide

nas linhas de um livro

num banco

inscrito na areia

essa substância

que nos preenche de nada

e que ao mesmo tempo

é o espelho dos desejos

das nossas tristezas

do nosso sopro

que seja eterno esse vento

essa brisa lunar

que é humana

e que cessa

como a chama

do sol queimando nossos corações

do amor que é lírio

ressoai as trombetas do inferno

no instante do céu

um pulsar

nos olhos que se fecham

enquanto outro lírio nasce

e outros lábios descubram

do que é feito a cor

a vida – esse mistério de peles

que atraem-se

esse encanto de corpos delineados

esse reluzir à meia-noite

en el vientre de las flores